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Contratações movidas a blefes? Eliminando os impostores

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Recentemente publicamos um artigo sobre um post de Steve Jones, sobre como a TI valoriza tecnologia em vez de pensamento. O texto gerou várias discussões no InfoQ.com e no blog do autor. As opiniões foram polarizadas, mas percebe-se uma linha comum: o problema normalmente está relacionado às habilidades e a qualidade do pessoal de TI, em vez de nas tecnologias em si. Um dos comentários resume essa ideia:

A situação no nosso mercado é semelhante à de um consumidor que leva seu carro para o conserto. Não é fácil saber se o que está sendo feito é de qualidade ou mesmo necessário. Aceitamos que muitas fraudes ocorrem em oficinas, mas, por alguma razão, parecemos partir do suposto que o mesmo não acontece com projetos de software custando bilhões.

Steve diz que "95% das pessoas entrevistando profissionais experientes de TI não têm conhecimentos suficientes para eliminar os "blefadores". Jones afirma que se depara frequentemente com profissionais que ocupam cargos apenas com base no seu "nível de conhecimento de termos da moda". O problema é a falta de habilidades e conhecimentos reais. Buscando corrigir esse problema, Steve Jones apresenta uma série de dicas para ajudar a descobrir os blefadores durante a entrevista:

  1. Não faça a entrevista em apenas duas etapas, uma técnica e uma de recursos humanos. Adicione uma etapa intermediária, que usa como base os resultados da primeira.
  2. Na primeira etapa pergunte:
    1. Quando foi a última vez que você codificou; qual linguagem, qual plataforma?
    2. Quando foi a última vez que você criou um modelo de dados lógico e conceitual? Para qual plataforma?
    3. Qual a diferença entre regex, expressões regulares e Perl na manipulação de textos?

Steve não é o único a acreditar que um arquiteto de TI não deve estar tão distante da realidade, ao ponto de não conhecer como funcionam as plataformas que ajudou a projetar ou influenciar. Ele defende que um arquiteto deve ao menos se lembrar como funcionava sua última plataforma. Esse é o motivo para as questões 2.a e 2.b. A questão 2.c vem de uma experiência pessoal de Steve:

Uma pessoa que entrevistei dizia "utilizei regex" para um projeto, e depois "utilizei expressões regulares" para outro. Perguntei qual a diferença, e ele disse que regex era uma linguagem e que expressões regulares eram uma linguagem diferente! O objetivo com perguntas como essa é se ter segurança quanto ao real conhecimento das linguagens e plataformas que o entrevistado diz dominar.

O objetivo dessa abordagem de múltiplas etapas é determinar onde o blefador diz ter conhecimento, já na primeira etapa. E depois identificar a possível enganação na segunda entrevista. Publicamos vários artigos sobre as características de um bom arquiteto e como os papéis de arquiteto e desenvolvedor líder são fundamentais para o sucesso de um projeto. Mais recentemente, republicamos um artigo da IEEE sobre arquitetos pragmáticos.

Voltemos ao objetivo de Steve Jones: ajudar a eliminar os enganadores utilizando o processo de entrevista com múltiplas etapas. Para começar esse trabalho, é necessário o tipo certo de entrevistadores e um grupo de entrevistadores diferente para cada etapa.

Na segunda entrevista deve-se incluir desenvolvedores experientes e fazê-los perguntar questões reais sobre desenvolvimento. Não se quer uma pessoa que é um programador excepcional na linguagem X, mas um programador que, embora não seja brilhante, conheça os assuntos necessários de maneira abrangente.

Na etapa inicial descobre-se onde o blefador diz ter conhecimento profundo. E então numa segunda etapa tratam-se as lacunas, se existirem.

O foco inicial de Jones foi em arquitetos, mas ele não coloca toda a culpa neles:

Abordagens semelhantes, porém mais abstratas, devem ser utilizadas para gerentes de projetos e analistas de negócio. Deve-se convidar para ajudar na entrevista gerentes e analistas que já trabalharam em projetos similares.

Encontrei muitas vezes analistas de negócio SAP "experientes", que se desmontam totalmente ao conversarem com reais especialistas em SAP. Algumas vezes, sem mesmo sabem as siglas utilizadas pelos módulos SAP que dizem conhecer.

Considerando o argumento original de Steve Jones, de que a TI não busca mais o pensamento, temos a situação ideal para os mentirosos prosperarem. Portanto, há várias mudanças que precisam ocorrer no nosso mercado para resolver desta situação. Como muitos comentaram, talvez tudo comece no estágio de entrevista. E como afirma Steve, se a TI contratasse profissionais que realmente têm conhecimento real do assunto em que vão trabalhar, voltaríamos a apreciar os pensadores ao invés da tecnologia pura. Mas será que as empresas de TI são realmente enganados pelos blefadores, tanto quanto acredita Steve Jones?

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