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10 anos de Agile - Um Estado de Contradição

O Agile está em um verdadeiro estado de contradição. Em certo sentido, aquele Agile definido há 10 anos está morto, ou pelo menos desatualizado – os melhores profissionais pegaram o que definíamos como "ágil" há 10 anos (e que era um reflexo do que já se vinha fazendo há 40) e transformaram em algo diferente, mas este novo estado da arte não foi documentado até hoje. Além disso, à medida que o Agile (da forma como foi definido) se tornar a metodologia de trabalho mais comum, será chamado simplesmente "desenvolvimento de software". Minha aposta é que isso já começou a acontecer: existem algumas empresas que há 10 anos eram médias ou pequenas e cresceram com o Agile no seu DNA – elas não conhecem nenhuma outra forma de desenvolver software.

Por outro lado, o Agile está tão vivo quanto sempre esteve, porque há mais gente dizendo que o pratica (mesmo que não o faça). E em muitos lugares há mais esforços verdadeiros, além alocações de orçamento, para implementar o Agile da forma como foi definido há dez anos: todos os setores de praticamente todos os países têm implementações de Agile. Entretanto, a existência de uma gama tão ampla de pessoas afirmando "somos ágeis porque implementamos L com X, Y, Z" é um perigo. Temos que nos preocupar com o quanto o significado da agilidade está se diluindo – e focar na qualidade real.

Precisamos melhorar a qualidade das implementações de Agile e também documentar o estado da arte, para que os profissionais possam refletir mais facilmente sobre o futuro e visualizá-lo .

Com relação à qualidade, no workshop dos 10 anos do Manifesto Ágil chegamos a quatro diretrizes que acreditamos ser possíveis de implementar:

  1. Demandar excelência técnica,
  2. Promover mudanças de cultura,
  3. Maximizar o valor de negócio
  4. Organizar o conhecimento.

Estas quatro diretrizes comunicam a missão poderosa, relevante e precisa que o Agile definido há 10 anos deve cumprir, para sobreviver com seu nome limpo. Caso contrário, corre-se um risco real de o modelo ficar enfraquecido, mal falado e assim aumentarem as críticas que já sofre a cada implementação fracassada de Agile.

O que aquele Agile de 10 anos atrás precisa é de um plano de ação para fazer com que essas quatro diretrizes funcionem nas organizações atuais.

Quanto à situação atual e futura do Agile, o verdadeiro estado da arte permanece não documentado no Manifesto Ágil nem em outros lugares.

Entre outras coisas que esse estado da arte atualmente inclui, estão muitos avanços feitos pelos profissionais nos últimos 10 anos, em várias direções interessantes:

  • Agile para negócios, aplicando o Agile a processos que não são de software
  • Implementações corporativas
  • Técnicas orientadas pelo valor
  • Padrões organizacionais
  • Projetos de grande porte
  • Distribuição
  • Swarming
  • Mudanças de cultura
  • Testes em camadas
  • Integração contínua
  • Envolvimento do usuário
  • Métricas ágeis
  • Arquitetura ágil
  • Combinação de Agile com Lean/Kanban etc.

Portanto, como uma comunidade que olha para o futuro, precisamos revisitar o "estado da arte atual" e possivelmente elaborar um Manifesto 2.0.

Em uma das minhas apresentações padrão, realizo com os alunos ou a plateia um jogo chamado "Reescreva o Manifesto Ágil com seus pensamentos e sentimentos".

Aqui está um dos resultados:

De indivíduos e interações para comunidades de práticas e equipes coesas e hiperprodutivas

De software em funcionamento para serviços de software centrados no usuário, bem arquitetados e de alta qualidade

De colaboração com o cliente para colaboração com o usuário e envolvimento do usuário

De responder a mudanças para priorizar e otimizar para mudanças

De equipes ágeis para empresas ágeis

Qualquer um pode fazer este jogo, e acho ótimo ver como as pessoas, baseando-se nos avanços dos últimos 10 anos, conseguem escrever ou expandir as ideias originais do Manifesto Ágil.

Deixe suas contribuições para o Manifesto 2.0 nos comentários!

Sobre o autor

Mike Beedle foi um dos primeiros a adotar o Scrum mundialmente, com o qual vem trabalhando desde 1996 em diversos ambientes. Com seus companheiros, apresentou o Scrum a milhares de pessoas e centenas de empresas, oferecendo treinamento, consultoria, mentoring, coaching, além de desenvolvedores e Scrum Masters, a empresas da área. É coautor do primeiro livro sobre Scrum, do primeiro artigo sobre Scrum publicado em um livro, além de coautor do Manifesto Ágil e do livro Scrum Pattern Language, a ser lançado. É ainda autor do futuro livro Enterprise Scrum.

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