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O mindset ágil no Brasil, 17 anos depois do manifesto

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Pontos Principais

  • No contexto Ágil qual abordagem é essencial para uma equipe Ágil?
  • Os Desafios gerados na adoção do mindset Ágil.
  • Características do bom agilista.
  • Mindset Ágil nas empresas conservadoras.
  • Rumos e proporções que a agilidade vêm tomando

Vivenciamos um período onde a volatilidade do mercado, a incerteza dos hábitos de consumo, a complexidade das relações humanas e a ambiguidade das comunicações modelam a rotina das equipes nos projeto de software. Para entregar soluções neste contexto diversas ferramentas, frameworks e processos vêm sendo criados, validados e adaptados com o objetivo de entregar produtos mais significativos para o cliente final. É neste cenário que o mindset Ágil vem se destacando.

Criado para responder a complexidade dos projetos de TI de forma colaborativa, rápida e flexível o mindset teve seu manifesto lançado em 2001. Através de suas orientações muitas equipes puderam desenvolver softwares de forma iterativa, incremental e evolucionária. Assim a agilidade vem tomando corpo e ajudando equipes ao redor do mundo a entregar maior valor em seus trabalhos.

Hoje, 17 anos depois do manifesto podemos ver alguns resultados dessa transformação através de diversas comunidades e eventos ao redor do mundo. No Brasil o mindset Ágil caminha a passos largos e a comunidade cresce exponencialmente compartilhando seus cases, ideias e informações sobre agilidade em eventos como o Agile Brazil 2018 que rolou entre os dias 03 e 05 de Outubro em Campinas - SP.

Durante a conferência o InfoQ Brasil conversou com alguns agilistas para tentar entender o cenário atual e os rumos que o mindset Ágil está tomando. Entre os agilistas estavam Luciana Tokashiki - Enterprise Agile Coach com experiência adquirida atuando em big players de tecnologia dentro e fora do país. Sua paciência e expertise ajudam equipes a atingir a alta performance utilizando o mindset Ágil. E Rafael Buzon - Consultor Ágil, ele ajuda empresas a melhorarem a capacidade de suas equipes através do profundo entendimento de suas próprias propostas, serviços e fluxo de trabalho. Buzon também é editor no InfoQ Brasil e pode ser encontrado em seu website rafaelbuzon.com.

InfoQ: Existem diversas abordagens ágeis consagradas por melhorar a produtividade, focar no cliente e entrega mais valor. Qual delas você considera essencial para uma equipe que esteja iniciando com trabalhos ágeis na empresa?

Luciana: Entregar mais valor, já que olhamos para pessoas (clientes e desenvolvedores) e essa nova abordagem acaba trazendo os outros benefícios do ágil para a empresa (velocidade, mais produtividade, times motivados, entre outros).

Buzon: Se estivermos nos referindo à TI e aos métodos ou frameworks, eu indicaria XP Extreme Programming, porque acredito que ele traga conceitos mais próximos da engenharia necessária para endereçar o Ágil. Se você me perguntasse em geral, fora do Mundo Ágil, eu diria o Método Kanban. Hoje eu não me vejo fazendo Scrum ou XP sem Kanban, apesar de fazer Kanban sem Scrum ou XP.

InfoQ: Sabemos que o mindset ágil é mais parecido com uma trilha do que com um trilho. Enquanto nos trilhos devemos seguir um caminho único, na trilha é possível realizar desvios, aprender e fazer adaptações de acordo com os desafios encontrados no caminho. Em sua jornada como agilista qual foi o maior desafio com o qual você se deparou?

Luciana: Cada jornada é diferente da outra, e os desafios sempre estarão no nosso caminho. Vejo que as grandes pedras no caminho da transformação se dão na falta de engajamento da liderança, já que na minha opinião, tem que começar daí.

Buzon: O meu maior desafio se deu (e se dá) em aplicar o 3º Valor do Manifesto: Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos. Seja com cliente externo ou interno, este sempre foi o ponto de maior carência e também, ao meu ver, o de maiores oportunidades.

InfoQ: Um dos princípios do manifesto ágil é aderir à mudança, pensamento essencial para a inovação. Mas mudar é difícil, especialmente quando conjunto de ferramentas satisfazem as necessidades do cliente e objetivos do negócio estão estabelecidos. Como disseminar a agilidade em empresas mais conservadoras e dogmáticas que veem equipes ágeis como anarquistas?

Luciana: Ninguém se dispõe a mudar sem propósito, e se ele não estiver claro, a resistência à mudança é alta.

Buzon: Em contextos em que a cultura é a de Controle a recomendação é trazer elementos Ágeis que apoiem a cultura predominante. Ou seja, elementos de cultura Ágil que não conflitem com as crenças e valores atuais da organização. Um exemplo disso seria aplicar uma reunião de melhoria contínua, que você poderia chamar de Retrospectiva. Essa abordagem se encontra no livro do Michael Sahota, Transformação e Adoção Agile, Um Guia de Sobrevivência. Minha abordagem, entretanto, não requer esta análise cultural, uma vez que trago elementos de Kanban para iniciar as melhorias da empresa. A aplicação de Kanban inicial apenas dará mais clareza sobre como as coisas funcionam na empresa, já permitindo evidenciar os pontos de maior alavancagem e oportunidades de melhoria. A empresa até pode se tornar mais próxima do que entendemos como Ágil hoje, mas isso se dará como uma consequência evolucionária e não por uma necessidade de aderência ao modelo pré-definido.

InfoQ: Em 2001, quando foi publicado, o manifesto ágil foi visto com certo ceticismo. Entretanto, 17 anos depois ainda se fala dele. O que você acredita que venha depois?

Luciana: Uma nova coletânea de boas práticas.

Buzon: Em se tratando de paradigmas de gestão do trabalho, acredito que haverá um resgate do que o gestor sempre deveria ter sido. Um profissional que não "é" nenhuma coisa, mas "usa" todas elas. Tenho abordado essa linha de pensamento numa série que estou escrevendo no meu blog: O Novo Gestor.

InfoQ: Entre os 12 princípios do manifesto, qual demanda mais atenção para que o mindset não se torne um vilão?

Luciana: Construir projetos ao redor de indivíduos motivados. Dando a eles o ambiente e suporte necessário, e confiar que farão seu trabalho.

Buzon: O vilão aparece do dogmatismo em se usar somente um mindset para tudo. Seja qual for o princípio ou valor, Ágil ou não, a tarefa primordial de uma organização, através de seus colaboradores, é saber balancear normas conflitantes de acordo com o contexto.

InfoQ: Na sua opinião quais são as características essenciais para alguém que deseja utilizar a agilidade para ajudar suas equipes a atingir o próximo nível e entregar mais valor ao cliente? O que deve ser evitado?

Luciana: Saber escutar. Deve ser evitado a falta de humildade, já que estamos lidando com pessoas o tempo inteiro.

Buzon: A principal característica de quem quer aplicar Ágil é usar de abordagem Ágil para introduzir Ágil. De forma incremental inserir mudanças, a partir de uma dor legítima daquele contexto, e medir contra um baseline se as coisas estão melhorando. Deve-se evitar, portanto, o método pelo método e as técnicas pelas técnicas.

InfoQ: Se você pudesse dar uma única dica ágil para quem está iniciando sua jornada, qual seria?

Luciana: Se permita!

Buzon: Não seja Ágil. Use Ágil.

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