As certificações de Scrum sempre geraram grandes discussões. Uma dessas discussões tem a ver com o valor pessoal da certificação na qual surgiram comentários do tipo "Pague as mensalidades, assista a aula por alguns dias, e você passou." ou até comentários de pessoas renomadas como o de Scott Ambler no seu artigo na Dr.Dobb's Magazine.
A Scrum Alliance continua a embaraçar-se, e, em menor medida a comunidade ágil como um todo, com a continuidade do programa de Certified Scrum Master (CSM).
Posteriormente, um novo formato foi planejado, o que também não conseguiu entusiasmar os agilistas que eram contra a filosofia dessa certificação. Mike Cottmeyer, disse recentemente que o Scrum não é prescritivo, portanto, não há nenhuma forma definitiva para certificar pessoas sobre a forma de praticá-lo. Ele disse:
Scrum não pode ser um framework simples não prescritivo, que em seguida, começa a certificar as pessoas sobre como fazer todas as coisas.
Segundo Mike, Scrum não diz a uma pessoa como ser um bom engenheiro de software, um bom testador, analista de negócios, ou mesmo um bom ScrumMaster. Essas habilidades são responsabilidade dos próprios profissionais e não do Scrum. Ele mencionou a necessidade de uma base de conhecimento - body of knowledge (BOK) - definitiva.
Se Scrum é um framework simples ... se é tão claro e preciso que nós podemos falar sobre Scrum-But e apontar as pessoas que não estão fazendo certo ... onde está a base de conhecimento definitiva? Onde está o conjunto de documentos das coisas que são aceitáveis na maioria dos projetos Scrum na maior parte do tempo? Como posso saber a diferença entre distorcer o Scrum para esconder minhas disfunções ou não? Quem decide? Eu supostamente devo saber quando eu vejo isso?
Comentando o que Mike Cottmeyer disse, Niels Verdonk complementou dizendo recentemente que passou por um curso de CSM no qual ele compartilhou o sentimento de que seria difícil confiar em equipes recém certificadas com o titulo de Scrum Masters, dizendo:
Com todo o respeito, eu não confiaria nossos times em muitos desses recém Scrum Masters.
Niels mencionou uma discussão que teve com Mike Cohn, em que ele [Mike Cohn] concordou que o termo Certified Scrum Master foi mal escolhido na época. Niels acrescentou:
Ele [Mike Cohn] compartilhou comigo que irá anunciar uma mudança nos nomes dos programas de certificação. Ele achava que o nome Certified Scrum Master era um nome herdado e parece muito forte para o que realmente era. A escolha para o novo nome ainda não tinha sido feita. Ele me contou que o novo nome para a Certified Scrum Practitioner seria Certified Scrum Professional. Acho que algo que a Scrum Alliance está consciente que algo não está certo e estão se empenhando em reparar o erro. Parece ser um ato pensado, dado o fato de que Ken Schwaber recentemente deixou o Scrum Alliance sobre uma diferença de opinião sobre os programas de certificação.
Tom Mellor, um membro do conselho da Scrum Alliance citou que Ken Schwaber "nunca planejou que o curso fosse para ensinar pessoas a serem ScrumMasters; ele queria que as pessoas entendessem ("master") os conceitos, princípios, e regras do Scrum." Então, vamos ver em breve uma nova aborgadem? Ou, como Mike Cottmeyer colocou:
Eu simplesmente não posso pensar sobre certificar alguém em qualquer coisa sem ao menos ter uma definição geral sobre o que estamos nos certificando. Na ausência de algum tipo de padrão, "Certified Scrum" de qualquer coisa é apenas um truque de marketing
Mas será que essas reformulações são a resposta para essa questão, além da nova prova de certificação em vigor desde outubro do ano passado? Para Scott Ambler, o problema é mais profundo que isso, conforme colocou em seu artigo.
A Scrum Alliance está trabalhando em uma nova certificação com um pouco de conteúdo por trás, no entanto, na minha opinião, eles perderam a moral para fazê-lo a muito tempo atrás. As pessoas envolvidas com a Scrum Alliance optaram anos atrás por operar o programa existente de certificação e tiveram tempo suficiente para abordar as questões éticas em torno dele. Ética é uma reflexão consciente das escolhas que você faz, e a Scrum Alliance claramente fez as suas escolhas.
A comunidade ágil do Brasil também é uma das que concorda com a opinião de Scott Amber e que não vê um grande valor na certificação. Consultorias brasileiras como a ImproveIt possuem em seu site uma página dizendo sobre o valor da certificação onde a mesma diz:
Cursos de certificação. Eles são ótimos. Mas, se você for fazê-los, não faça pelo certificado, pois a validade do mesmo é, no mínimo, muito discutível.
A lista de discussão scrum-brasil teve um grande debate sobre o real valor da certficação de Scrum Master. Contando com nomes conhecidos da comunidade ágil como Philip Calçado, Rodrigo Yoshima e Alexandre Magno, essa discussão levou a opiniões controversas às críticas que estão sendo realizadas sobre essa certificação, uma dessas opiniões é a de Rodrigo Yoshima, que diz:
Depois que o nosso amigo Scott Ambler pixou essa certificação todo mundo passou a pixar. Beleza, certificação é uma coisa que de fato não certifica muita coisa, mas isso vale tanto para certificação CSM como para qualquer outra.