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Engenharia aplicada no sucesso das migrações para a nuvem

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Pontos Principais

  • As migrações para a nuvem correm o risco de serem paralisadas devido ao alto  custo financeiro e de tempo, a menos que as práticas de engenharia estejam introduzindo eficiências, promovendo flexibilidade e gerando receitas antecipadamente;

  • As conversas sobre os custos da nuvem geralmente são difíceis, em especial durante as migrações. A geração de receitas antecipadas durante as migrações incrementais, podem transformá-las em discussões sobre as margens de ganho das cargas de trabalho migradas, o que ajuda a manter a motivação e o ânimo da migração;

  • A abordagem da re-arquitetura de aplicações na nuvem, atuando como uma oportunidade de transformação, otimiza as aplicações e os processos de negócios aos quais oferecem suporte;

  • O desacoplamento de aplicações da infraestrutura torna as aplicações portáveis ​​em plataformas da nuvem, criando mais oportunidades para a otimização de custos;

  • O foco na eficiência leva a menores custos, incluindo a eficiência na entrega das aplicações e na obtenção do desempenho necessário. Este último leva a um menor uso de recursos, o que diminui os custos.

Os benefícios da nuvem são bem conhecidos e evidentes como vários estudos de caso de sucesso mostram. Dentre os mais citados estão as oportunidades para redução de custos e a elasticidade. A facilidade de provisionamento permite que as empresas aumentem ou diminuam a infraestrutura de acordo com as tendências de negócios, incorrendo em custos proporcionais ao uso. A capacidade de inovar usando as plataformas na nuvem é um forte incentivo para a adoção. Isso aumenta a agilidade dos negócios e reduz o time to market, confirmando o seu potencial de diminuir o custo de oportunidade para os negócios.

Como resultado, a adoção da nuvem tem crescido. De acordo com o Relatório de Estado da Nuvem do Flexera 2020 (conteúdo em inglês), os entrevistados esperavam aumentar os gastos com a nuvem em 50%, com a maioria das empresas esperando que o uso da nuvem aumentasse devido ao COVID-19. Esse crescimento se deve ao aumento da atividade online e também por conta das empresas que estão acelerando os programas de migração.

As migrações para a nuvem evitam o número reduzido de funcionários de infraestrutura, o acesso reduzido às instalações de data center e os atrasos nas cadeias de fornecimento de hardware. Além disso, a nuvem pública é vista como uma das mais confiáveis opções para a continuidade dos negócios. Com muitas empresas usando duas ou mais nuvens públicas e privadas, 93% das empresas têm uma estratégia de multi nuvens e 87% possuem uma estratégia de nuvem híbrida.

Mas a jornada também tem desafios. O mesmo estudo mostra que a maioria das empresas tem dificuldades em controlar os custos da nuvem e está, em média, acima do orçamento em 23%. Também estima-se que 30% dos gastos com a nuvem sejam desperdiçados. Em um outro estudo (conteúdo em inglês), 80% dos participantes da pesquisa repatriaram as cargas de trabalho migradas de volta para suas instalações. Os três principais motivos para repatriação da nuvem são o desempenho, a segurança e o custo. Alguns estudos anteriores (conteúdo em inglês) citados pela TechRepublic sugerem que 75% das migrações para a nuvem levam mais de um ano para serem concluídas, com a maioria excedendo mais de dois anos.

Os longos atrasos, os altos custos e a falha em cumprir os objetivos, podem resultar em migrações abandonadas ou paralisadas. Isso pode levar a uma fragmentação da organização e da infraestrutura de TI, resultando em maiores despesas e complexidades operacionais. Mas os estudos acima, e outros mais, também apontam como pode ser realizada uma migração para a nuvem bem sucedida.

Este artigo discute os cinco princípios de engenharia que visam tornar as migrações para a nuvem econômica, técnica e operacionalmente sustentáveis, ao mesmo tempo que fornece a tecnologia que atinja aos objetivos de negócios desejados. Para colocar esses princípios em perspectiva, as abordagens de migração e os benefícios da nuvem serão analisados ​​primeiramente.

Abordagens na migração para a nuvem

Em 2010, o Gartner definiu os 5 Rs (conteúdo em inglês) da migração para a nuvem. Posteriormente, foram estendidos para 6 Rs, conforme descrito neste artigo, em inglês, no blog da AWS. Muitos profissionais e fornecedores da nuvem os consideram como estratégias de migração. Neste artigo, serão divididos em motivos pelos quais uma aplicação não pode ser migrada e as abordagens que devemos seguir para aquelas que podem.

Um importante passo para o sucesso é definir o escopo da migração, começando com uma auditoria do inventário das aplicações, que determina quais não devem ser migradas para a nuvem. As aplicações nas quais a empresa tem os planos a seguir, geralmente são excluídos da migração:

  • Reter (Retain): Esta categoria inclui as aplicações que podem ser consideradas inadequadas para a nuvem. Como por exemplo, aquelas que possuem requisitos rigorosos de desempenho ou que estão fortemente acopladas à infraestrutura e serviços locais;
  • Aposentar (Retire): As aplicações de curta duração ou que podem ser desativadas em um futuro próximo, também não podem ser migradas. Nesta categoria estão aquelas desenvolvidas para oportunidades de negócios com tempo limitado e as aplicações de suporte aos negócios que não estão apresentando resultados ou que mostram tendências de baixa utilização;
  • Substituir (Replace): As aplicações que precisam ser substituídas em um futuro próximo também podem ser excluídas do plano de migração. Um exemplo comum é o surgimento de produtos alternativos de SaaS que apresentam oportunidades de TCO (Custo Total de Propriedade, sigla em inglês) mais baixos.

A auditoria pode diminuir substancialmente o escopo de uma iniciativa de migração, levando a riscos e custos reduzidos. Para as aplicações restantes, a empresa se depara com as seguintes abordagens de migração:

  • Re-hospedar (Rehost): Essa abordagem também é conhecida como lift-and-shift. A empresa pode optar por clonar a infraestrutura local para a nuvem, e implantar as aplicações. Embora pareça um caminho fácil para mover as aplicações para a nuvem, é a abordagem menos favorecida, pois as aplicações re-hospedadas podem não utilizar muitos dos benefícios da nuvem, exceto o dimensionamento correto da infraestrutura e a escalabilidade vertical. A escalabilidade horizontal só será possível se as aplicações puderem suportá-la originalmente/
  • Re-plataforma (Replatform): As aplicações que conseguem utilizar os serviços disponíveis na nuvem podem seguir na abordagem de re-plataforma sem refatorações e, normalmente, em containers. Geralmente envolve o uso de bancos de dados baseados em nuvem, middleware de mensagens, soluções de armazenamento e serviços de plataforma;
  • Re-arquitetar (Re-architect): A re-arquitetura de aplicações como nativas da nuvem, permitem que se beneficiem ao máximo dos recursos e serviços dessa infraestrutura. No entanto, requer muito mais esforço do que as estratégias de re-plataforma ou de re-hospedar.

As abordagens de migração mencionadas acima não são exclusivas. A jornada de migração de uma empresa pode exigir que as aplicações utilizem diferentes abordagens. Por exemplo, uma aplicação pode inicialmente usar a estratégia de re-hospedar ou de re-plataforma e, em seguida, a re-arquitetura. Da mesma forma, diferentes abordagens podem ser adequadas à migração de diferentes serviços e subsistemas de uma aplicação distribuída.

Objetivos da migração

A empresa precisa definir claramente os objetivos que deseja alcançar com uma iniciativa de migração. Isso é importante para as equipes de engenharia determinarem estratégias de migração e técnicas de implementação alinhadas com as compensações de negócios. A seguir estão alguns dos objetivos mais comuns que as empresas desejam alcançar migrando para a nuvem. Na maioria dos casos, as empresas consideram um desafio atingir esses objetivos. A discussão a seguir coloca em perspectiva os princípios de engenharia que iremos discutir adiante.

Custo

O controle de custos é um dos principais objetivos da migração. A nuvem promete reduzir substancialmente o TCO de tecnologia de uma empresa. Com isso, o foco dentro das empresas passa de CapEx (Capital Expenditure) para OpEx (Operational Expenditure) e a devida otimização. Essas conversas geralmente começam no início da jornada. Às vezes, ocorrem antes mesmo da primeira aplicação ser lançada em produção na nuvem. E sempre há muita resistência.

O principal motivo para o aumento de custos na nuvem é o aumento da utilização, que pode ser devido ao crescimento do negócio ou à utilização ineficiente de recursos pelas aplicações. No primeiro caso, a empresa também deve possuir ganhos de margem proporcionais para pagar pelo aumento dos custos. Para o último, as equipes de engenharia devem estar sempre vigilantes quanto às ineficiências que se infiltram na tecnologia que desenvolvem e mantêm na nuvem.

Portanto, conversas sobre os custos da nuvem sem considerar as tendências de margem são contraproducentes. Isso pode levar a estratégias de negócios e soluções de tecnologia que não são ideais a longo prazo.

Agilidade

A percepção de agilidade na nuvem vem em grande parte sob a ótica do provisionamento. Ao contrário da infraestrutura local, provisionar os recursos necessários de infraestrutura e da plataforma, é muito mais conveniente na nuvem, embora tenha um custo. Mas este é apenas um pequeno componente no processo geral da liberação de uma mudança em produção.

Alcançar agilidade na nuvem envolve a automação e a otimização ​​não apenas do pipeline de entrega, mas também do negócio. Quando combinados com práticas enxutas e princípios de arquitetura evolutivos, os negócios se ajustam rapidamente para capitalizar oportunidades e reduzir riscos.

Inovação

O surgimento de tecnologias digitais em plataformas na nuvem, em combinação com as práticas ágeis, prometem inovação mais rápida. A maioria dos fornecedores de nuvem está oferecendo tecnologias que são blocos de construção para subsistemas de IoT, aplicações de ciência de dados, pipelines de big data e serviços de AI/ML. Isso permite que os consumidores da nuvem criem e desenvolvam aplicações digitais na nuvem de maneira rápida.

Essa conveniência vem com desafios. O aprisionamento tecnológico (vendor lock-in) é um grande risco, pois essas tecnologias oferecidas por diferentes fornecedores de nuvem podem não ser compatíveis. As aplicações construídas usando técnicas de Domain Driven Design (DDD) podem ser migrados entre diferentes provedores na nuvem, caso tenham interfaces para essas tecnologias compatíveis com o outro provedor.

As implementações digitais também precisam de foco na eficiência, pois irão consumir, processar e produzir grandes conjuntos de dados. As implementações abaixo do ideal afetarão tanto o desempenho geral, quanto o custo.

Desempenho

Os fornecedores de nuvem costumam sugerir o escalonamento automático como uma solução para problemas de desempenho nas plataformas. As aplicações com desempenho abaixo do ideal geralmente requerem instâncias de computação significativamente grandes para processar a carga prevista. Qualquer flutuação na carga exigiria escalonamento automático para atender aos requisitos de desempenho.

Executar uma aplicação abaixo do ideal seria muito caro na nuvem e o aumento do custo com o escalonamento automático pode não ser justificado pelo ganho de receita gerado pelo aumento da carga.

Princípios de engenharia na migração para a nuvem

A discussão acima destaca como os objetivos tradicionais de migração por si só podem atuar como pontos cegos, que colocam em risco o sucesso das iniciativas de migração. Na verdade, a maioria dos objetivos tradicionais pode ser alcançada concentrando-se em maior eficiência e flexibilidade, ao mesmo tempo que reduz o tempo de lançamento no mercado e os riscos de lock-in.

Os cinco princípios a seguir visam trazer economia, eficiência e agilidade aos sistemas que estão sendo migrados para a nuvem.

Ganhe conforme gasta

Qualquer estratégia de migração deve se concentrar em gerar receita da nuvem o mais rápido possível. Ao contrário das estratégias de migração "tudo ou nada" e big bang, as estratégias baseadas neste princípio visam agregar valor incrementalmente na nuvem.

Isso é obtido selecionando-se capacidades e sub-capacidades de negócios que podem ser migradas completamente para a nuvem, ao mesmo tempo que minimiza as dependências com componentes on-premises. Ao contrário de simplesmente migrar aplicações, a migração das capacidades de negócios permitem um cálculo preciso das receitas geradas na nuvem.

Como resultado, as empresas podem acompanhar os ganhos de margem na nuvem. Com as margens em perspectiva, qualquer aumento de custo não explicado pelos aumentos de receita, apontam para ineficiências de processamento, pois as aplicações estão sofrendo para suportar os volumes de negócios. Margens, receitas e custos devem ser rastreados ao longo de uma janela de algumas semanas. Isso ocorre porque, com as aplicações otimizadas, os custos podem apresentar mudanças, enquanto as receitas mostram tendências mais graduais. Isso acontece quando os volumes de processamento ultrapassam os limites especificados, fazendo com que as aplicações sejam escalonadas horizontalmente, resultando em alterações na utilização dos recursos da nuvem.

Este princípio também reacende a discussão polêmica sobre a abordagem da migração lift-and-shift. A maioria dos usuários da nuvem descartam essa estratégia pois falha em aproveitar os benefícios que as tecnologias da nuvem oferecem. No entanto, se esta abordagem puder ser realizada de forma conveniente e sem incorrer em custos substanciais, pode ser utilizada como uma etapa inicial de migração, resultando nos seguintes benefícios provisórios:

  1. O sistema migrado começará a gerar receitas na nuvem rapidamente;
  2. A empresa pode desativar os recursos on-premises para economizar;
  3. Devido a flexibilidade de provisionamento, a infraestrutura que dá suporte ao sistema na nuvem pode ser redimensionada para reduzir ainda mais os custos;
  4. O dimensionamento vertical e horizontal pode ser exercido para acomodar o aumento dos volumes de negócios, se o design do sistema original permitir. No entanto, os ganhos de margem podem não ser totalmente otimizados.

Uma vez na nuvem, o sistema pode ser estrangulado de forma incremental e re-arquitetado para torná-lo nativo da nuvem. Seguir uma abordagem de estrangulamento baseada na capacidade de negócios fornecerá mais oportunidades para otimização de margem, ao contrário de estrangular aplicações ou componentes individuais. É importante reiterar que o lift-and-shift é recomendado como uma etapa na estratégia de migração e não como uma estratégia em si.

Abordar a migração para a nuvem como uma oportunidade de transformação

A migração para a nuvem é uma iniciativa de alto custo e esforço. Por isso, é importante filtrar os recursos de tecnologia que não estão prontos para a migração. Mas esta é uma redução de escopo de alto nível. Para os recursos a serem migrados, a transformação apresenta oportunidades de dimensionamento correto do escopo. Isso também leva a eficiências de negócios e tecnologia, bem como a otimização de custos.

As empresas podem revisitar as operações e redefinir os modelos operacionais que estão abaixo do ideal. Como a maioria das aplicações a serem migradas será re-arquitetada, podem ser reconstruídas para os novos modelos operacionais de destino. No entanto, isso tem alguns desafios.

Invariavelmente exigirá a alteração dos modelos de domínio e dados, tornando a migração de dados de aplicações on-premises para a nuvem muito mais intensiva. Certos dados podem refletir estados e entidades que não existem mais no domínio e modelos de dados de destino na nuvem. Isto pode ser considerado na transformação de dados entre os modelos de dados novos e antigos. Como alternativa, os componentes re-arquitetados precisam ser compatíveis com as versões anteriores, pois os dados históricos podem precisar ser retidos por motivos regulatórios.

Essas transformações também exigem mudanças no modelo operacional dos clientes, especialmente se as interfaces de tecnologia com os sistemas estão sendo alteradas. Se apresentarem mudanças significativas para os clientes, eles podem relutar em aceitá-las, a menos que os valores resultantes superem os custos. Portanto, pode ser necessário fazer parceria com os clientes.

A re-arquitetura não deve ter como objetivo a paridade das funcionalidades. As funcionalidades que não são utilizadas ​​ou que raramente são usadas ​​no on-premises, não podem ser implementadas em aplicações re-arquitetadas. Se as aplicações on-premises tiverem o recurso de telemetria, os dados podem revelar a frequência com que as funcionalidades dessas aplicações são usadas. Na ausência da telemetria, os logs da aplicação podem ser extraídos para revelar essas informações.

Engenharia para flexibilidade

A nuvem oferece diferentes opções de hospedagem para serviços, adequados para diferentes perfis de uso. Transferir aplicações para uma opção de hospedagem diferente pode levar a um retrabalho significativo se estiverem fortemente acoplados a uma opção de hospedagem específica. Da mesma forma, a nuvem oferece várias opções de serviços como armazenamento e mensagens. Cada opção oferece oportunidades de otimização de custos e desempenho para diferentes perfis de uso. O acoplamento rígido de uma aplicação à opções de armazenamento ou mensagens específicas, pode levar a aplicações abaixo do ideal quando os perfis de uso mudam. Mas alterar essas dependências resultará em retrabalho complexo e caro.

Portanto, os serviços na nuvem precisam ser desenvolvidos com flexibilidade desde o início, começando com o uso de técnicas como o Event Storming para obter um Domain Driven Design para as aplicações que estão sendo re-arquitetadas. Abordar os requisitos não funcionais e cross funcionais antecipadamente, ajuda a adaptar o design funcional para atender a esses requisitos. Deixar de fazer isso resulta em retrabalho caro e desafiador no futuro.

Implementar o design funcional em uma arquitetura hexagonal ajuda a desacoplar a lógica funcional dos serviços de plataforma subjacentes e dependências de infraestrutura. A lógica funcional usa abstrações de porta e adaptador para fazer interface com as dependências da nuvem. Como resultado, alterar uma dependência requer apenas alterações no adaptador correspondente e não uma refatoração em toda a aplicação, tornando o sistema muito mais flexível e adaptável em ambientes de negócios dinâmicos e disruptivos.

O Domain Driven Design e as arquiteturas hexagonais também desbloqueiam oportunidades de nuvem híbrida, multi e poli. Todos os provedores de nuvem têm tecnologias e serviços semelhantes que são acessados ​​e consumidos de maneiras diferentes. Os adaptadores específicos do fornecedor tornam a mesma funcionalidade portátil em diferentes provedores de nuvem, fornecendo às empresas a capacidade de otimizar custos, desempenho, resiliência e segurança.

Desempenho por meio da eficiência

Um equívoco comum sobre como obter desempenho na nuvem é que o escalonamento ajudará a resolver as deficiências de desempenho. A facilidade de provisionamento e escalonamento automático afasta as preocupações com o desempenho até o final do processo de desenvolvimento. Assim, as decisões iniciais de arquitetura são puramente baseadas em considerações funcionais e podem não atender aos requisitos de desempenho. A tecnologia então, tem duas opções:

  1. Embarcar em um retrabalho custoso para fazer alterações arquiteturais e atender aos requisitos de desempenho;
  2. Usar o escalonamento na nuvem para oferecer desempenho.

O escalonamento leva a despesas operacionais mais altas que corroem as margens de ganho do negócio. Sem alterar esse comportamento, cada nova funcionalidade irá introduzir mais ineficiências, exigindo recursos de nuvem adicionais. Eventualmente, a função de negócios suportada por essa tecnologia não será mais economicamente sustentável.

Portanto, o desempenho, assim como o teste, também precisa ser antecipado. Todos os requisitos das funcionalidades devem incluir requisitos funcionais e não funcionais, incluindo os requisitos de desempenho. Os critérios de aceitação para as novas funcionalidades devem incluir critérios de aceitação funcionais e não funcionais.

A equipe de desenvolvimento deve buscar atingir os objetivos de desempenho por meio de eficiências computacionais, de comunicação e de armazenamento. A equipe deve regularmente criar o perfil do código para identificar pontos críticos de desempenho. Os pontos do código que podem ser otimizados com um esforço médio de desenvolvimento devem ser tratados pelos desenvolvedores. O time precisa coletar e rastrear as métricas de desempenho em nível de componente, como a utilização de CPU, os tempos de resposta, a utilização de memória, etc. O ideal é que as métricas sejam parte da integração contínua. Caso apresentem uma degradação inesperada, a equipe deve atuar no detalhe para que possam isolar e otimizar os problemas de desempenho.

Mensagens grandes e detalhadas demoram mais para se comunicar e processar. Da mesma forma, os serviços que expõem muitos dados degradam automaticamente o desempenho em todo o processo. Portanto, a comunicação entre os serviços internos com o sistema, deve empregar formatos de dados que sejam sucintos. Enquanto APIs externas podem produzir e consumir mensagens baseadas em protocolos padrão, usando formatos XML e JSON, as APIs internas podem usar formatos binários como aqueles definidos pelo GPB (Google Protocol Buffers). As interações entre os serviços devem ser monitoradas para determinar os padrões de invocação da API, que podem ser aproveitados para reduzir o tamanho das mensagens.

Os desenvolvedores devem resistir à escolha de um único modelo de dados e uma única estratégia de armazenamento. Diferentes conceitos de domínio serão traduzidos em modelos de dados que se adequam naturalmente a diferentes estratégias de armazenamento. Portanto, os desenvolvedores devem ter como objetivo a persistência poliglota por trás de adaptadores baseados em domínio. As tecnologias de persistência devem ser escolhidas com base na conveniência e eficiência das operações de armazenamento e recuperação de dados. Por exemplo, os bancos de dados relacionais podem ser usados onde uma pesquisa refinada é necessária e o modelo de domínio pode ser facilmente convertido em um modelo relacional. Para outros casos, pode-se adotar um banco de dados NoSQL como o de documentos.

Abordar os requisitos de desempenho antecipadamente ajuda a concordar sobre arquiteturas que atendem a esses requisitos. O foco nas eficiências computacionais, de comunicação e de armazenamento reduz os recursos gerais necessários para atender a esses requisitos. Uma maior eficiência tem o potencial de reduzir os custos.

Desenvolva uma mentalidade de DevOps

Este princípio é fundamental para qualquer iniciativa de transformação. O principal resultado da construção de uma mentalidade DevOps é que a empresa elimina o desperdício no pipeline de entrega, cria confiança nas entregas que são enviadas, melhora continuamente a qualidade e, em seguida, os entrega com eficiência.

Portanto, a formulação de uma estratégia DevOps para a tecnologia alvo na nuvem tem início antes da migração. Tudo começa com a construção de processos, práticas e tecnologia do DevOps em torno do legado. Aumentar a cobertura e a confiabilidade do teste, especialmente em testes de regressão e aceitação de ponta a ponta, é a chave para construir a confiança de que as funcionalidades migradas para a nuvem não sofreram mudanças inesperadas. Se a abordagem de re-hospedagem ou lift-and-shift, estiver sendo realizada como uma primeira etapa para a migração, automatizar o provisionamento da infraestrutura, o gerenciamento da configuração, a construção e a implantação, ajuda a garantir a consistência em vários ambientes na nuvem. Além disso, oferece oportunidades para otimizar e economizar os mecanismos de entrega, permitindo que as equipes tenham mais capacidade para se concentrarem na posterior re-arquitetura.

Para a base de código re-arquitetada, as melhores práticas que otimizam as métricas de 4 chaves (métricas de aceleração) fornecem um canal de entrega enxuto e responsivo. A redução da taxa de falha nas mudanças diminui o retrabalho, mantendo assim o foco na entrega de valor. Reduzir o lead time e aumentar a frequência de entregas agrega valor mais rapidamente. Além disso, oferece oportunidades para corrigir defeitos antes que aconteçam, ao invés de reverter as versões em caso de falhas. Isso elimina os riscos associados às reversões e dá aos clientes a confiança de uma base tecnológica estável de suporte ao negócio. Finalmente, um curto tempo médio de restauração (MTTR, do inglês Mean Time To Recover) reduz o esforço necessário para restaurar as operações após uma falha, mantendo as equipes focadas em construir e entregar valor.

Por último, mas não menos importante, o DevOps trata tanto da cultura organizacional quanto das práticas e das ferramentas. O DevOps prospera em uma cultura generativa que enfatiza o aprendizado e a melhoria contínua. Para a maioria das empresas, a migração para a nuvem será uma experiência única que envolve experimentação e aprendizado bem fora da zona de conforto. Não ter espaço para aprender com as experiências e sem poder se adaptar, torna qualquer prática e tecnologia inútil.

A figura abaixo mostra como esses princípios se relacionam entre si. Conforme mencionado acima, o DevOps é fundamental para todos os outros princípios. A transformação também leva à eficiências, desativando a funcionalidade não mais necessária ou otimizando os recursos de negócios. A reformulação da arquitetura com base na transformação do negócio, levando a maior flexibilidade e eficiência, resulta em oportunidades para gerar receitas mais altas com custos mais baixos.

Resumo

As migrações para a nuvem são arriscadas e caras. É comum ver iniciativas de migração paralisadas e repatriação de aplicações para as instalações on-premisses, quando as empresas são incapazes de concretizar os benefícios prometidos. Além dos enormes custos, a fragmentação das organizações de TI e da infraestrutura são ocasionadas, levando a mais ineficiências operacionais.

Construir e manter a confiança e o ímpeto em tais iniciativas é a chave para o sucesso. Essa confiança é alcançada demonstrando desde o início que a nuvem oferece uma rota economicamente sustentável para a automação do negócio. Para isso, tanto o negócio quanto a tecnologia precisam buscar flexibilidade e eficiência que exigirão a transformação dos processos de negócios, da operação e da própria tecnologia, quando migrada para a nuvem.

Sobre o autor

Omar Bashir é consultor e diretor da ThoughtWorks. Tem mais de 25 anos de experiência em desenvolvimento de tecnologia em defesa, telecomunicações, logística e finanças. Possui um PhD em monitoramento de desempenho de redes de computadores e é apaixonado pela construção de tecnologia empresarial eficiente, econômica e sustentável.

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