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REST tem impacto sobre NoSQL?

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A partir do momento que grandes empresas como o Twitter e a Amazon abraçaram a arquitetura REST e também se tornaram defensores do NoSQL tornou-se inevitável assistirmos a essas duas tecnologias sendo utilizadas em conjunto. Em um post recente, Ganesh Prasad questiona como o sucesso do NoSQL nos leva a reavaliar os aspectos centrais do REST. Ganesh acredita que existem dois aspectos na tecnologia que representam obstáculos para a sua adoção:

Um deles é o uso do modelo cliente/servidor, ao invés do modelo de ponto a ponto, que  acredito ser mais geral e útil. O segundo é a insistência na ausência de estado do cliente no servidor, forçando que essas informações sejam armazenadas no próprio cliente ou que sejam modeladas como recursos.

É no aspecto da ausência de estado que Ganesh se concentra. A questão de manutenção de estado e o REST já foi muito debatida em várias fontes, por exemplo Bill Burke discutiu essa questão anos atrás:

Em REST, a ausência de estado significa que não existem dados da sessão do cliente armazenados no servidor. O servidor somente cuida do estado dos recursos que expõe. Se houver necessidade de informações específicas da sessão de algum cliente, essas informações devem ser armazenadas no próprio cliente e transferidas para o servidor a cada requisição, quando necessário.

A camada de serviços que não mantém informações dos clientes conectados é muito mais simples de escalar, por precisar de menos informações ao se replicar em um ambiente em cluster. É mais simples de colocar em cluster, porque tudo o que é preciso fazer é adicionar mais máquinas.

Stefan Tilkov adota a mesma linha:

É importante reforçar que, embora REST inclua a ideia da ausência de estado, isso não significa que a aplicação que expõe suas funcionalidades não pode ter estado – isso tornaria essa abordagem pouco útil para a maioria dos cenários. 

O REST obriga que o estado seja transformado em um recurso ou mantido no cliente. Em outras palavras, o servidor não deve manter nenhum tipo de informação associada ao estado da comunicação com o cliente, independente do da duração de uma requisição. A principal razão para isso é a escalabilidade: a capacidade de atendimento dos servidores fica severamente prejudicada quando o servidor necessita manter o estado das comunicações. (Note que essa restrição exige modificações na aplicação: não se pode simplesmente atribuir uma URI a um estado da sessão e chamar a aplicação de RESTful.)

Existem outros aspectos mais importantes: a ausência de estado isola o cliente de alterações dos servidores, uma vez que não depende da comunicação com o mesmo servidor em duas requisições consecutivas. O cliente pode receber um “documento” contendo links de um servidor e, enquanto o cliente processa essas informações, o mesmo servidor pode ser desligado; o disco removido e trocado; e o software atualizado e reiniciado; tudo isso sem impacto negativo. Se o cliente seguir os links obtidos a partir do servidor, ele não irá perceber.

Ganesh, apesar de entender que a ausência de estado colabora com demandas de escalabilidade e recuperação a falhas, acredita que tais restrições sobrecarregam a camada da aplicação, que passa a ter de tratar aspectos de distribuição e infraestrutura:

A abordagem REST é aceitável para elementos do domínio da aplicação, mas a existência de estado de comunicação com o cliente é útil para tratar elementos independentes do domínio, associados à qualidade do serviço como, por exemplo chaves de sessão para o controle de segurança. A recusa do REST em suportar aspectos como esses compromete a habilidade de oferecer essas características de forma transparente.

É para esse tipo de estado referenciado por Bill e Stefan que Ganesh chama atenção. Ganesh destaca que o NoSQL oferece uma solução escalável e tolerante a falhas para o problema. Ele se refere à implementação do Redis, entretanto a maioria (se não todas) as implementações NoSQL também tratam deste problema.

Está se tornando uma recomendação armazenar o estado da sessão em um banco de dados NoSQL como o Redis, ao invés de em memória. Delegar o armazenamento dos dados de sessão para um cluster NoSQL independente, e configurar os servidores de aplicação para obtê-las a partir deste cluster, torna os servidores de aplicações independentes dos clientes novamente. Um destaque no Redis é a baixa complexidade das operações GET e SET, que são de Ordem(1), ou seja, constante. Isto significa que (pelo menos em teoria) o número de clientes utilizando um banco de dados Redis pode aumentar indefinidamente, sem impacto na performance.

O artigo de Ganesh descreve como podemos utilizar o banco de dados NoSQL Redis para gerenciar os dados de sessão. Desta forma, acredita ele, aplicações REST devem ser levadas seriamente em consideração (neste caso sendo necessário atualizar/aprimorar a filosofia do REST). Ele conclui dizendo:

Seria bom se um mecanismo padrão e sem dependência de domínio pudesse evoluir para fornecer segurança e confiabilidade às interações baseadas em REST, utilizando mecanismos de armazenamento escalável de sessões em NoSQL.

A maioria das metodologias de desenvolvimento, frameworks e padrões mantém a sua relevância evoluindo para novas abordagens, assim que novas experiências são obtidas. NoSQL era apenas um exercício acadêmico quando a arquitetura REST foi proposta, portanto surge a questão: a arquitetura REST precisa evoluir face ao NoSQL, ou a natureza sem estado do REST continua a ser uma exigência, independentemente da abordagem utilizada para armazená-lo?

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