Esther Derby realizou recentemente em seu blog uma série de reflexões sobre o lugar dos gerentes nas equipes ágeis e auto-organizáveis. Para Derby, declarações vazias que descartam a necessidade de gerentes ou de gestão não ajudam:
As organizações, especialmente as grandes e complexas, que estão em transição para os métodos ágeis ainda precisam de gestão e geralmente também precisam de pessoas em cargos gerenciais.
Derby prossegue:
Tenho observado situações em que tanto a alta quanto a média gerência vêem valor na transição para uma organização baseada em equipes com entregas iterativas e incrementais. Na minha experiência, é um pouco mais comum que a média gerência se prenda ao padrão anterior. Porque não se prenderiam? Quando estes gerentes não enxergam o seu lugar no Agile, eles não abraçam a agilidade.
De acordo com Derby, quando as equipes se auto-organizam e passam a "puxar o trabalho" para cumprir as metas, a oportunidade real para estes gerentes está em olhar por toda a organização em busca de oportunidades de melhoria e de desenvolvimento das pessoas e das equipes.
A autora compilou em seu post um conjunto de sugestões de áreas de atuação que podem ser mais efetivas para os gerentes que passaram a não mais direcionar detalhadamente as atividades diárias das pessoas, pois se encontram em organizações que adotam práticas ágeis de desenvolvimento. A seguir, apresentamos [em tradução livre] uma seleção das principais sugestões realizadas por Derby:
- Integridade do produto: Promover a existência de mecanismos de realimentação a partir de resultados para que as pessoas possam se auto corrigir e encaminhar o desenvolvimento para a direção mais adequada.
- Criação de ambiente para que as equipes prosperem: Entender as estruturas visíveis e invisíveis que criam os padrões de estabelecimento das equipes, definindo os limites para tomadas de decisão.
- Desenvolvimento dos sistemas de trabalho como um todo: Auxílio na evolução do nível técnico da organização, através da remoção de impedimentos e identificação de padrões de sucesso e fracasso entre as equipes.
- Desenvolvimento das pessoas: Apoio em feedbacks contínuos e estabelecimento da prática de feedbacks laterais no ambiente de trabalho. Apoio na formação de relacionamentos de longo prazo, bem como atuação em atividades de mentoria. Auxílio no aumento do conhecimento contextual das pessoas em modelos de negócio, mercado, clientes, estratégias, entre outros.
- Desenvolvimento pessoal: Auto-conhecimento, auto-gestão, aprimoramento da inteligência emocional e do conhecimento nos diferentes domínios inerentes ao desenvolvimento de software.
Os gestores, em especial aqueles que fazem parte da média gerência, podem exercer um importante papel no processo de adoção das práticas ágeis, uma vez que o controle nas estruturas tradicionais de hierarquia das empresas passa inevitavelmente por esse elo de ligação.
A crítica generalizada da necessidade de gerentes pode, nesses casos, gerar o efeito oposto ao desejado, eventualmente criando grande resistência por parte de pessoas que poderiam atuar como verdadeiros vetores do processo de transição e evolução das práticas ágeis.