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Cynefin: Aplicação em Gestão de Mudanças

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Karl Scotland, coach ágil da empresa Rally Software e membro da Lean Systems Society, publicou um artigo em seu blog sobre a utilização do framework Cynefin (lê-se Quenévim) na gestão de mudanças. Desenvolvido por Dave Snowden, o Cynefin ajuda na tomada de decisões ao indicar as melhores formas de lidar com os sistemas, de acordo, principalmente, com suas relações de causa e consequência.

Domínios de sistemas

O framework divide os sistemas em cinco grupos, representados graficamente da seguinte forma:


Fonte: Wikipedia

À direta do quadro estão os grupos "Complicado" (Complicated) e "Simples" (Simple) que representam sistemas Ordenados, ou seja, que apresentam relações claras de causa e consequência.

Sobre os grupos ordenados, Scotland comenta:

A relação de causa e consequência é conhecida e claramente perceptível, previsível e reprodutível para problemas simples e é ao menos possível percebê-la em se tratando de problemas complicados.

Já do lado esquerdo do quadro estão os domínios categorizados como "desordenados", composto pelos grupos "Complexo" e "Caótico". Nestes grupos não há a possibilidade de se estabelecer claramente as relações de causa e consequência dos sistemas neles contidos.

Sobre os grupos considerados desordenados, Scotland pontua:

Analisando um fato de um problema complexo, após seu acontecimento, a causalidade pode ter coerência, mas não é reprodutível. Para problemas caóticos, entretanto, é sempre incoerente e imperceptível.

Para finalizar a análise do gráfico, na área central, chamada de "sem ordem", estão representados os sistemas não categorizados, em que não se sabe ou não se tem certeza sobre o tipo de problema enfrentado.

Gestão de mudanças

Segundo Scotland, uma das utilidades da categorização dos sistemas no framework Cynefin é sua contribuição para o entendimento de duas formas comuns de gestão de mundanças: Mudança gerenciada e Mudança evolutiva.

Mudança gerenciada

Scotland argumenta que para sistemas ordenados é possível fazer uso do conhecimento de especialistas; do conhecimento comum e de boas ou melhores práticas - tudo para estabelecer um estado a que se deseja chegar e então trabalhar para atingir esse estado.

Trata-se do caminho normalmente escolhido pelos programas de mudança gerenciada. Essa abordagem, diz Scotland, é válida se o sistema for, de fato, ordenado. Apesar do benefício de curto prazo que tais práticas podem proporcionar, há o risco de não serem apropriadas e mesmo assim continuarem sendo seguidas cegamente, comprometendo a meta final e os resultados de longo prazo.

Mudança evolutiva

Os sistemas desordenados necessitam de abordagens mais experimentais, por meio de práticas novas e emergentes. Ter resiliência se torna importante ao lidar com as necessárias falhas e aprendizados dos experimentos, assim como se torna importante a definição de critérios claros sobre quais experimentos realizar ou descontinuar.

A mudança evolutiva, seria, segundo Scotland, a abordagem mais apropriada para elevar o poder do pensamento Kanban. Um sistema Kanban pode ser feito mapeando-se o estado atual; tornando o trabalho visível e limitando o trabalho em progresso. Nesse contexto, algumas métricas ajudam a entender o estado atual e a levantar hipóteses de quais ajustes deveriam ser feitos como experimentos.

Ao se conduzir mudanças de forma "evolutiva", é mais provável que se alcance um sistema mais adequado à realidade, que por meio de uma "mudança gerenciada".

Dinâmicas internas de cada domínio

Scotland argumenta que não é simplesmente na categorização que reside a vantagem de se utilizar o framework Cynefin, mas sim no fato das situações poderem mudar de domínio. Pode ser útil levar um sistema de um estado para outro, como, por exemplo, do Complicado para o Complexo quando se busca inovação ou, ao contrário, do Complexo para o Complicado quando se busca otimizar e explorar uma solução de forma mais ordenada.

Além dessa possibilidade de transição entre os domínios, as situações se mostram, muitas vezes, divididas em domínios diferentes ao mesmo tempo. Scotland dá um exemplo utilizando o desenvolvimento de software, que mostra situações em todos os cinco domínios Cynefin, desde o Simples, como o aprendizado de uma linguagem, até o Caótico, que pode ser visto em situações que exijam reação à quantidade de defeitos e bugs de um sistema legado.

Liz Keogh's, coach ágil e palestrante, também escreveu um post sobre o framework Cynefin, voltado para o desenvolvimento de software, e cita um exemplo:

As coisas complicadas são previsíveis, mas requerem expertise para serem entendidas. (...) Caso se esteja programando, as coisas complicadas serão bem entendidas, por já terem sido feitas antes ou por não mudarem enquanto são programadas. Escrever um formulário a mais de CRUD, por exemplo, provavelmente se encontra no domínio Complicado.

Logo, é importante distinguir bem como cada sistema se encaixa nos domínios descritos no Cynefin, mas, tão importante quanto, é perceber que partes desse sistema podem apresentar comportamentos de outros domínios. Conhecer e mapeadas os domínios de cada parte do sistema ajudará a implementar mudanças de forma mais eficaz, sejam elas evolutivas ou gerenciadas.

Conclusões

O framework Cynefin auxilia na tomada de decisões, uma vez que sugere formas de lidar com o trabalho de acordo com o domínio no qual o sistema se encontra. O framework também ajuda a mostrar que os sistemas são dinâmicos por natureza, contribuindo para a redução das resistências, como pontua, Chris Young nos comentários do post de Scotland:

A habilidade do Cynefin de ressaltar a dinâmica dos sistemas e mostrar que mudanças estão na natureza das coisas, torna mais fácil vencer as resistências.

Scotland, por fim, afirma que o entendimento sobre o Cynefin e sobre as dinâmicas de cada grupo têm sido útil em seus trabalhos de consultoria para gestão de mudanças. Estes estudo tem proporcionando ao autor, inclusive, o conforto de saber que frequentemente não há resposta correta para os problemas e por vezes a resposta não pode sequer ser conhecida.

Para saber mais:

O site da Cognitive-Edge possui diversos artigos sobre o tema. Há inclusive um excelente vídeo, apresentado pelo próprio Dave Snowden, sobre o framework Cynefin (em inglês). Outra leitura interessante é o mini-livro grátis (em inglês) - An Agile Adoption and Transformation Survival Guide - que aborda a gestão de mudanças, tendo um tópico sobre o framework Cynefin.

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